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Música e empoderamento
* Por Baluarte Cultura
Nada de mensagens cifradas e sonhos de uma sociedade diferente, num futuro distante. A geração empoderada que abre espaço na música brasileira é direta e reta: quer vivenciar mudanças aqui e agora. E não espera acontecer, já chega impondo o novo, o diferente, o não usual.
Seja desafiando padrões estéticos (como MC Carol e Karol Conka), subvertendo noções de gênero (como Liniker e As Bahias e a Cozinha Mineira), afirmando a condição de mulher negra (como Tássia Reis), chamando a atenção pra realidade das periferias (como Rico Dalasam) ou dando uma real ao mostrar a atualidade do discurso feminista (como Elza Soares), não é de hoje que artistas têm lançado mão da música (e da consequente exposição) para dar seus recados.
Para além das letras, chama a atenção a atitude destes artistas – dentro e fora dos palcos. Grande parte desta atuação se dá na forma como falam, cantam, se vestem, se apresentam, são e vivem – apresentando diferentes formas de viver e estar no mundo.
Um fenômeno que não é novo, diga-se de passagem. O historiador Luiz Antônio Simas – referência quando o assunto são as culturas dos povos da diáspora africana – conta em entrevista como o samba tem se renovado, se reinventado e sido utilizado como poderoso instrumento de resistência da cultura negra no Brasil.
E se estes temas, que pressupõem preceitos básicos de igualdade e respeito às diferenças, continuam tendo força e envolvendo novas gerações, é porque a realidade ainda deixa muito a desejar. É o que conta, em artigo produzido para a Revista Tuhu, a jornalista e estudiosa da trajetória das mulheres na música Camila Frésca: em pleno século 21, mulheres ainda ocupam menos espaço do que homens em vários ambientes musicais, incluindo tradicionais orquestras e ambientes de música erudita.
Apresentamos, nesta edição, artistas e iniciativas que não se encaixam em fórmulas pré-concebidas. Em comum, a escolha da música como uma ferramenta de empoderamento, usando a poesia e a força da música para passar recados mais do que pertinentes e atuais.
Boa leitura!