Mapear projetos de educação musical no Brasil. Foram abordados pontos como: público atendido, instrumentos e estilos musicais ensinados, financiamento e principais dificuldades.
Os contatos foram obtidos através de mailing da Baluarte, clippings, divulgação em redes sociais e consultas a bases de dados de leis de incentivo e editais públicos dos 26 estados e do Distrito Federal, além da Lei Rouanet.
Um questionário on-line com 40 perguntas foi enviado por e-mail, Facebook e sites dos projetos. Também houve respostas coletadas por telefone. Ao todo, foram contatados 2.040 projetos.
O questionário foi aplicado entre dezembro de 2016 e março de 2017.
Recebemos 240 formulários integral ou parcialmente preenchidos por responsáveis administrativos e/ou pedagógicos de projetos de educação musical de várias partes do Brasil.
A estratégia de obter contatos a partir de leis de incentivo deixa de fora ações que não usam esse tipo de mecanismo. Tal lacuna foi parcialmente preenchida por meio de buscas em redes sociais e clippings.
É provável que projetos menores estejam sub-representados nos resultados, pois não dispõem de know-how para inscrever-se em editais e leis de incentivo, nem para manter páginas em redes sociais ou sites.
O mapeamento decidiu não considerar projetos feitos no âmbito escolar, por entender que eles obedecem a outro tipo de estruturação.
Boa parte dos produtores dedica-se apenas a um projeto em educação musical (ainda que atue também em outras áreas da cultura), de alcance moderado, tanto em número de beneficiados (até 500 pessoas por ano) quanto do ponto de vista geográfico (mais de 80% só atua em seu próprio município).
O conjunto das respostas, portanto, indica a predominância de agentes de pequeno ou médio porte.
Ainda que de pequena dimensão, os projetos parecem ter grande relevância social. A grande maioria oferece atendimento gratuito e mira um grupo social especialmente vulnerável no Brasil: os jovens. A ênfase nesse estrato é reforçada pela informação de que o público-alvo mais alcançado são jovens com pouca ou nenhuma formação musical.
A importância do setor para a inclusão é demonstrada também pela atenção a questões de acessibilidade. Seis em cada dez atendem pessoas com deficiência (embora o número de beneficiados poucas vezes passe dos cinco), e praticamente metade tem interesse em trabalhar melhor com o assunto.
Como em outras áreas, ainda falta a preocupação com a inclusão se estender também ao próprio quadro de funcionários e colaboradores.
Não fica clara a relevância das atividades voltadas a professores – que têm papel importante de disseminar conhecimento.
Uma pesquisa mais detalhada poderia indicar o quanto os projetos para esse grupo ajudam a replicar boas práticas.
Sobre a qualidade do trabalho oferecido pelos projetos, a pesquisa traz uma notícia boa e uma ruim.
A BOA
muitas atividades são coordenadas por
pessoas com conhecimento em música
– relativamente poucos contam com bacharéis (28%) ou licenciados (12%) oriundos de outras áreas, além de 13% com profissionais
sem formação. Como na música é frequente a presença de pessoas sem formação específica, os números deste levantamento
parecem bons.
A MÁ
prevalecem ações que ou não usam metodologia específica ou usam metodologia própria – o que, em alguns casos,
pode ser um modo polido de se dizer que
não há propriamente um método sistematizado
em uso.
As entrevistas demonstram que o leque de atividades educativas utilizadas é bem amplo.
O predomínio é de concertos e shows didáticos – que, por si sós, têm potencial limitado. Mas chama a atenção a quantidade de propostas em que a formação continuada parece estar em primeiro plano.
Em comunicação, a ênfase nos meios digitais não é surpresa. Trata-se de uma área crescente, que requer pouco investimento.
O fato de uma parcela dos projetos se interessar em fazer capacitação na área, porém, pode indicar que essas ferramentas não estão sendo usadas em todo o seu potencial. O gargalo apontado em elaboração de estratégia de comunicação reforça essa impressão.
Os resultados sobre captação de recursos surpreenderam a equipe de pesquisadores.
Como o principal meio de contato foram bancos de dados de editais e leis de incentivo, o esperado era que esses mecanismos aparecessem com grande destaque em relação aos demais. O que sobressai, porém, são as captações sem incentivo — e o fato de nenhuma modalidade atingir grandes percentuais.
O peso das doações diretas tem de ser relativizado.
Alguns projetos de alcance comunitário recorrem aos moradores do entorno para arrecadar recursos em campanhas esporádicas – trata-se, assim, de pequenos valores. Entre os projetos que atingem mais pessoas, as leis de incentivo (sobretudo, a Rouanet) aparecem com vulto maior. De qualquer modo, apenas uma pesquisa mais específica, envolvendo perguntas diretas sobre valores, poderá explorar melhor esses pontos
O fato de o grande gargalo apontado pelos entrevistados ser a captação de recursos deixa claro que as fontes ainda são vistas como insuficientes.
A pesquisa mostra, por fim, que há grande carência por capacitação em diversos setores. Nos quatro pontos apresentados no questionário, o interesse por capacitação ultrapassa o patamar de 3,7, acima dos que poderia ser tomado como sinal de interesse mediano (3 pontos).
FICHA TÉCNICA
Realização: Baluarte Cultura
Direção de Relacionamento: Fabiana Costa
Direção de Criação e Planejamento: Paula Brandão
Direção de Produção: Paula Sued
Gestão de Produção: Mariana Rodrigues
Coordenação de Produção Administrativa: Leandro Salomão
Coordenação Pedagógica: Carla Rincón
Coordenação da Pesquisa: JLeiva Cultura e Esporte
Tabulação da Pesquisa: PrimaPagina
Sistema da Pesquisa: Planet TI
Projeto Gráfico e Diagramação da Pesquisa: Naru Design
Mantenedor:
Ministério da Cultura e Governo Federal
Wilson Sons